Ao conquistar a primeira medalha de ouro para Tubarão, o judoca Marcelo Ferreira não conteve a emoção. Subir no lugar mais alto do pódio é especial, mas dessa vez foi diferente - e não é só porque ele foi campeão pela nona vez dos Jogos Abertos de Santa Catarina (Jasc). Como milhares de pessoas, o atleta perdeu um ente querido durante a pandemia.Â
O tio Giovane Ferreira, que também é judoca, foi vÃtima da Covid-19. "Ele era meu Ãdolo. Sempre me espelhei nele. Tinha um coração grande. Não conheço alguém tão carinhoso, que goste de estar perto, de conversar, de abraçar. O lugar mais aconchegante do mundo era dentro do abraço dele", escreveu Marcelo, em luto, na homenagem ao tio em maio deste ano.Â
O atleta ainda não tinha voltado às competições depois da pandemia e do luto. Até hoje. Ao entrar no tatame dos Jasc na tarde de segunda-feira (15), o judogi vestia não só o talento de Marcelo, como a trajetória do tio. Era a hora de honrá-lo. Trazer à tona as memórias que o impulsionariam em cada golpe, inclusive a lembrança dos últimos Jogos Abertos. "Foi na cidade onde o tio morava. Tinha ficado até alojado na casa dele", conta Marcelo.
Com o coração pulsando por dois, ele fez valer a pena cada ensinamento durante o confronto da categoria até 100kg. Uma disputa dura. Um final feliz. "Eu senti o abraço dele no final da luta", revelou, emocionado. Vitória para o atleta de Tubarão, que trouxe o primeiro ouro para a Cidade Azul, logo na estreia da cidade na competição. A comemoração veio da Associação Tubaronense de Judô (ATJ) e de toda a famÃlia formada por judocas - a maioria faixa preta, como o campeão.
Texto:Â jornalista Kamila Melo
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