O apoio familiar é um dos pilares essenciais para dar continuidade na carreira esportiva. Pais que participam da rotina de treinos, acompanham nas viagens para competições, têm a oportunidade de não somente incentivar o filho, bem como experimentar o contato profundo, que aumenta a confiança e amizade de pai para filho. Se da arquibancada o auxílio já é tamanho, imagine estar junto do atleta dentro dos tatames. Quando começou a praticar caratê, Nícolas de Souza tinha apenas 6 anos de idade, mas desde o seio materno o garoto esteve sintonizado a modalidade. “Mesmo grávida, sempre treinei”, revela Márcia Marcos, mãe do atleta. Após dois meses do nascimento, o menino já acompanhava os pais em competições, como os Jogos Abertos de Santa Catarina.
No berço, não recebia só carinho e mamadeira. Para inserir a arte marcial na vida do filho, vez ou outra o pai e sensei Fabrício de Souza procurava aumentar a flexibilidade do garotinho com alongamentos. “Era engraçado. Ele não parava de rir”, lembra. Os sorrisos compartilhados na infância permanecem na adolescência. Viajando lado a lado por diferentes países, são inspiração. Elevam o nome do Brasil e da Cidade Azul por onde têm passado, trazendo no peito inúmeras medalhas. “Meu pai em tudo o que faz se dedica ao máximo. Mesmo sabendo que não é o melhor, ele faz de tudo para chegar até lá”, fala o filho com orgulho.
Em 2018, Fabrício conquistou o auge nos tatames, tendo a surpresa de ser convocado, pela primeira vez, como técnico da seleção brasileira de caratê, que disputou o Pan-Americano, no Rio de Janeiro. Entre novas vivências e ensinamentos, na Vila Olímpica, o sensei pôde ter a honra de acompanhar o filho vencer e conquistar a medalha de bronze internacional, sobre países como México, Canadá, Estados Unidos e Costa Rica. As vitórias daquele ano continuam a dar frutos. Se, com dois meses de idade, Nícolas via o pai competir os Jogos Abertos, neste ano, esteve ao lado dele nos tatames, defendendo o azul, branco e preto da Cidade Azul na competição mais acirrada do estado. Os dois, em conjunto com o atleta João da Silva, foram campeões do kata por equipe nesta sexta-feira (8)."Foi uma emoção diferente", comemora o sensei Fabrício.
Turbulências, respeito e comemoração
Contudo, nem sempre Nícolas se manteve motivado a seguir os passos do pai. “Queria só ficar igual as pessoas da escola, a tarde inteira vendo TV”. Quando o relacionamento familiar poderia viver a maré da falta de diálogo e compreensão, as ondas que vieram até o garoto foram de reflexão. “Falei que naquele momento ele até poderia desistir das competições, mas de treinar, já que é um esporte para saúde e que tinha dentro de casa, iria continuar”, observa Fabrício. Ao relembrar toda a fase turbulenta, pai e filho sorriem. Entendem que as escolhas do passado, os tornaram mais fortes e sonhadores. Assim, se hoje o carateca de 16 anos tivesse que escolher uma profissão, faria Educação Física, tendo o incentivo necessário dentro de casa.
Pai, filho e mãe, sintonizados, em busca de grandes objetivos. Da academia para casa, da casa para a escola, trocando detalhes e ideias, aperfeiçoando cada vez mais os movimentos da arte marcial. Se com dois meses de idade Nícolas via o pai competir os Jogos Abertos, neste ano, estará ao lado dele, defendendo o azul, branco e preto da Cidade Azul na competição mais acirrada do estado. Na plateia dos tatames e da vida, Márcia vibra, torce e comemora. Não só as vitórias do marido e filho, mas a conquista de ter uma família que emana união. “Significa que a família, bem concretizada e preservada, pode alcançar altos pódios, sendo exemplo para aqueles que estão ao redor”, finaliza.
Texto: Kamila Melo Mendonça