O Campeonato Catarinense Escolar de Futebol (CCEF) já tem a sua história, tanto nas competições quanto na criação de fatos que os anos vão registrando. Uma delas vem da cidade de Biguaçu, município muito próximo da capital Florianópolis. E vem da Escola Incentivo que é muito ligada ao esporte e ao cuidado ‘familiar’. E quatro pessoas parte desta narrativa. A primeira é João Francisco Alcântara da Silva e sua esposa Marinete Vieira, proprietários da Escola Incentivo. Depois Paulo Ricardo de Faria e Ricardo de Faria, técnico e auxiliar da equipe, além de serem pai e filho.
Sobre a história da escola no campeonato escolar de futebol, o técnico Paulo Ricardo conta que a escola já tem tradição na competição. “Em 2003 foi o primeiro ano do projeto do colégio nesta competição. Já no ano seguinte montamos um projeto e começamos a reforçar a equipe. Em 2005 conquistamos o nosso primeiro título estadual, e depois vieram novos títulos em 2016, 2019 e 2022”, lembrou.
“Desde a criação do projeto, aproximadamente sete atletas já foram atuar em clubes profissionais. Mas além desses meninos que se destacam no futebol ou que a gente coloca em clubes, é o CCEF que dá uma grande visibilidade. Mas nosso real objetivo é dar uma bolsa de estudos para esses garotos o que acreditamos ser o mais necessário para eles. Todos eles têm o sonho de ser jogador, mas nem todos possuem condições de chegar lá. Por isso é que acreditamos na bolsa de estudos oferecida, que vai até o 3º ano do segundo grau, desde que não sejam reprovados em nenhum ano”, explicou o técnico Ricardo.
Mas João Francisco, criador da escola, diz que há 34 anos é proprietário da Escola Incentivo, de Biguaçu. “Grande parte dos 20 anos que eu e minha esposa acompanhamos essa garotada, em apenas dois campeonatos não conseguimos a classificação. Além do trabalho feito com atletas de 11 a 14 anos, já iniciamos também o mesmo trabalho com os jovens da categoria sub 17. A Fesporte criou esta categoria há dois anos, e em ambos conseguimos a classificação para o estadual. Eu e a minha esposa já estamos acompanhando essa meninada nos campeonatos há bastante tempo, mas temos que destacar a ação da Fesporte em dar uma boa estrutura para as delegações. Principalmente a questão dos hotéis e alimentação”, destacou.
João Francisco e sua esposa fazem questão de acompanhar as competições, de forma aventureira. Juntos, viajando com o seu motorhome, faz questão de lembrar: “Quem está do outro lado, a essa valorização aos atletas, fica muito satisfeito. Digo isso, porque em anos anteriores, quando ainda era chamado de Moleque Bom de Bola, os alunos ficavam em escolas sem nenhuma estrutura para isso. Trazer esses jovens, tirando eles do conforto de seus lares, para dormir num colchão apenas, às vezes até molhado pelo próprio suor, é muito ruim. Sem falar da alimentação, pois eles não se sustentam com um café da manhã simples, um almoço e um jantar. Eles querem e precisam de mais. E nós trazíamos frutas, pães, leite e sucos, para complementar a alimentação deles. Sempre damos autonomia ao técnico Ricardo para comprar o que fosse necessário para eles, mas hoje já não é mais necessário e isso é digno de elogios pela valorização. Afinal esses são jogos para integralizar os jovens dos municípios, sem fazer com que eles sofram ou tenham necessidades. E hoje, sobre esse assunto, só temos que elogiar”.
E sobre uma mensagem para a juventude, João Francisco ainda disse: “Temos muitos alunos que são carentes. E o nosso objetivo é tirar esses jovens do ostracismo dando oportunidade a eles. Porque, a gente sabe, quando eles estão focados no esporte e nos estudos, não ficam pensando em drogas. Todos nós sabemos que esse problema está em qualquer lugar. E uma das nossas políticas dentro do colégio é a ‘participação em ajudar um aluno’, por que isso vale à pena. Financeiramente tem resultado? Confesso que não... mas nosso real objetivo é gerar oportunidades para esses jovens. A gente sabe que os que estão focados no esporte, não irá se perder na vida”, concluiu.