PERSONAGEM DO ESPORTE
Às sextas, a Fesporte apresenta a série "Personagem do esporte", que visa resgatar os principais protagonistas do esporte catarinense.
Quando se trata em contar a história dos Jogos Abertos de Santa Catarina (Jasc), que teve a sua primeira edição em 1960, em Brusque, nomes como Arthur Schlösser, Rubens Fachinni e Rudi Nodari são as referências. Nem todos sabem, no entanto, que Alva Neves Pessi, nascida em 2 de março de 1939, em Brusque, foi uma das protagonistas da criação do maior evento esportivo de Santa Catarina três anos antes dele nascer. A partir daí, Alva se tornou uma das maiores lendas do esporte catarinense em diversas modalidades e áreas. Uma atleta polivalente e multicampeã.
Se por um lado Schlösser, Nodari e Odir Varela viajaram como dirigentes para municípios paulistas como Sorocaba, Piracicaba e Bauru para vivenciar como São Paulo organizava seus Jogos Abertos e implantar o modelo em Santa Catarina, coube a Alva Pessi participar como atleta do vôlei e do atletismo desse processo. E foi nesta condição que esteve nos “Jasc paulistas” em São Carlos (1957), Piracicaba (1958) e Santo André (1959).
Alva participa dos Jasc de 1965 (Foto: arquivo pessoal)
Em São Carlos a vivência foi com uma equipe de vôlei do clube Bandeirante, de Brusque. Como ponteira, Alva ajudou na campanha de quatro vitórias e apenas uma derrota, com o terceiro lugar do torneio – motivo de grande festa na comunidade brusquense à época.
Mas, em sua vida esportiva, Alva se destacou em outras modalidades. No ano de 1956, competiu por Blumenau no atletismo. De lá, trouxe consigo a medalha de ouro no salto em distância e duas pratas, no disco e na prova de 80m com barreira. Residindo em Florianópolis, a partir de 1959, foi campeã dos Jogos Universitários Catarinenses, nas provas de dardo, disco, peso, 100m e 4x100m. Além disso, também foi campeã de voleibol. Em 1959, novamente no JUCS, foi considerada a melhor atleta da competição.
Competindo por Florianópolis, Alva trouxe inúmeros títulos, pois participava com êxito de várias competições, inclusive o campeonato de Veteranos em 1994, competição pela qual foi campeã do disco, dardo e peso. No atletismo ela competia no heptatlo: 100, 200, 4x100m, distância, peso, disco e dardo. Era o que poderíamos chamar, hoje, de atleta polivalente.
Em 1957 Alva com os time de vôlei e atletismo de Brusque participaram dos Jogos Abertos do Interior de São Paulo com objetivo de buscar experiência para a implantação dos Jasc em 1960. Na foto as equipes antes do embarque para São Carlos (SP). Foto: Acervo pessoal.
Em 1960, na primeira edição dos Jasc, Alva Pessi, aproveitando que o regulamento permitia, disputou a competição por dois municípios: Florianópolis (cidade em que residia há pouco mais de um ano), no vôlei, e Brusque, no atletismo. Quando estava em quadra pelo time da Capital, os brusquenses não perdoavam e a chamavam de “vendida”. Alva é o primeiro caso de importação de atleta dos Jogos Abertos de Santa Catarina. No atletismo também ganhou medalhas, mas que a memória já não ajuda a lembrar quais foram. No, vôlei, porém, foi campeã. A partir do inicio dos anos 70 Alva Pessi passou a dividir as funções de atleta e dirigente no vôlei e no atletismo de Florianópolis.
A memória até falha, mas as inúmeras medalhas comprovam
Atualmente, em sua casa, em Florianópolis, são cerca de 300 medalhas de todos os quilates: ouro, prata e bronze, que ela já não se lembra do período ou competição em foram conquistadas. Além de vôlei e atletismo ela conquistou medalhas no basquete e handebol. Se a memória não auxilia, as medalhas estão expostas e são uma prova da história alcançada por Alva.
“Só sei que todas, para mim, são importantes”, diz, para logo em seguida deixar-se trair pelas palavras: “Essa aqui (mostrando a medalha) é a mais significativa, pois foi a primeira da carreira. “Conquistei no atletismo na inauguração do Estádio Olímpico do Grêmio Esportivo Olímpico de Blumenau, nos jogos das equipes do Sesi em 1955. Fui medalha de ouro”, lembra.
Entre as inúmeras recordações de sua vasta carreira de conquistas, Alva tem carinho especial com o ano de 1996, quando recebeu, do Conselho Estadual de Esporte, a Comenda do Mérito Esportivo e, consequentemente, o título de comendadora do esporte catarinense - a maior honraria concedida a uma pessoa no setor esportivo. A comenda é outorgada à pessoas com relevantes serviços prestados ao esporte.
Alva (bloqueando) participa da 3ª edição dos Jasc em Blumenau em 1962 no jogo Brusque x Florianópolis (Foto: arquivo pessoal)
Alva foi casada com Orlando Pessi, conhecido como “Torrado”, considerado um dos maiores atletas de Santa Catarina. Torrado competiu em vários esportes - basquete, vôlei, natação e atletismo. Os dois se conheceram em 1958 quando disputavam o Campeonato Catarinense de basquete e de vôlei, realizados em Joaçaba. Ao assistir ao confronto entre Brusque e Florianópolis na modalidade de basquete, ela viu, em meio da torcida brusquense, Torrado “destruir” com a partida pela Capital. Dali em diante, o namoro começou e a união só se desfez com o falecimento de Torrado em 2013.
Formada no Curso de Educação Física pela Escola Superior de Educação Física da Universidade para o Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina - UDESC, em 1975, Alva especializou-se em Educação Física, na Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, em 1978.
Sua carreira na educação começou em 1959 como professora de letras para turmas de 1ª a 4ª séries. Em 1966, ministrava aulas para o Curso de Especialização em Educação Física da UDESC no antigo 2º grau nas disciplinas de voleibol, atletismo, ginástica, recreação, basquetebol e prática de ensino. Ela também foi membro da Banca Examinadora.
Exercendo funções no magistério estadual durante 25 anos, 11 meses e 08 dias, Alva teve sua aposentadoria em 18 de março de 1985, permanecendo no magistério federal até 1º de março de 1991.
O amor por Torrado, o “maior atleta de Santa Catarina”
Não somente o amor, mas também aquilo que Torrado fazia pelo esporte avalizam a afirmação. Para Alva, o melhor atleta de toda a história de Santa Catarina foi o seu marido Orlando Pessi, o Torrado: “Ele era craque no basquete e voleibol, mas praticou natação, futebol e atletismo. Um fora de série. Jogava por amor à camisa e dava o sangue pelas equipes de Florianópolis. A melhor imagem que guardo dele foi numa decisão do voleibol dos Jasc de 1963 entre Joinville e Florianópolis. Joinville vencia a “negra” por 14 a 1 e sua torcida fazia a maior algazarra, comemorando o título. Meu marido “virou o jogo” para 16-14. Ele tinha acabado de vencer Joinville no basquete, saiu do ginásio correndo, trocou de roupa no carro e teve tempo de jogar pelo vôlei de Florianópolis e conquistar o título. Nunca se viu nada igual no vôlei brasileiro”.
Texto: Antonio Prado
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