Nesta sexta-feira, 25, em Salvador, na Piscina Olímpica da Bahia, o calor de mais de 30 graus deixava as nadadoras inquietas com a proximidade da prova final dos 50 metros peito. Cada uma das oito finalistas buscava uma forma de concentração. Estava em jogo a medalha de ouro dos Jogos Universitários Brasileiros (JUBs). Prestes a entrar na prova, Carolina Bergamaschi, estudante de Psicologia da Unisociesc, de Joinville, fazia seu último aquecimento na piscina ao lado.
Com olhos de lince, o treinador do Time SC, Vitor Goulart, com mais de 30 anos na natação, olhava de longe as ações de Carol. Percebeu que ela fazia o movimento denominado filipina (executado em baixo d’água para ganhar impulso) de forma ineficiente, já que a atleta executava-os mais demorados e específicos para a prova dos 100m e não os 50m.
Goulart andou os 10 metros que separam a arquibancada da piscina de aquecimento e, ao pé do ouvido, assim como os grandes professores, ou por que não dizer, os grandes mestres, ensinou: “Olha Carol, para o cinquentinha (50m peito)você tem que acelerar isso aí. Puxa, joga o braço pra frente para você não perder a velocidade na hora da transição”.
Daí por diante as palavras do mestre Vitor Goulart passaram a ecoar como um mantra na cabeça de Carol.
Ao sair da piscina, Carolina nem acredita no título (Foto: Antonio Prado/Fesporte)
Ato contínuo inicia a prova. Carol era considerada zebra entre as oito competidoras, já que entre as nadadoras havia gente do quilate de Alessandra Marchioro, que já foi campeã brasileira. Como um raio, Carol nadou como gente grande. Puxou a água, jogou o braço pra frente e voou na transição como pediu o professor. As atletas chegaram quase que iguais na batida do bloque. E.... suspense. Quem era a campeã? Silêncio no complexo aquático. Quando o sistema de som anunciou o título da catarinense com 33s53... Bem, Carol não acreditou. “Como assim?”.
Como assim? Ora, pois. Assim são os grandes campeões: tiram forças de onde todos acham que não têm. Da arquibancada o professor Vitor Goulart deu um sorrisinho maroto como quem diz: “Mais um título pra conta”. E por fim, o abraço de agradecimento entre ambos, coroou , mais uma linda história de sucesso do esporte catarinense. Ambos, sabendo ou não gravaram seus nomes na história dos JUBs.
“Esse título mostra que o trabalho que está sendo feito começa a surtir efeito. É muito gratificante poder levar o nome da Unisociesc no lugar mais alto do pódio. E essa medalha tem um valor especial também porque na quarta-feira soube que meu avô faleceu, então dedico esta medalha a ele”, concluiu.
Os JUBS são organizados pela Confederação Brasileira do Desporto Universitário (CBDU) e a delegação de Santa Catarina é gerenciada pela Fundação Catarinense de Esporte (Fesporte) e Federação Catarinense do Desporto Universitário (FCDU).
Texto: Antonio Prado/Ascom Fesporte