Quinta, 20 Maio 2021 15:03

Projetos de Sucesso em SC: atletismo da UCA, de São José Destaque

Escrito por 
Avalie este item
(2 votos)
Atletismo da UCA comemora o titulo do atletismo dos Joguinhos Abertos SC em 2018 Atletismo da UCA comemora o titulo do atletismo dos Joguinhos Abertos SC em 2018 Foto: Antonio Prado

Quem passa durante o dia pela Avenida Beira Mar de São José, altura do bairro Campinas,  durante o dia, deve ter se deparado com um grupo de pessoas uniformizadas com vestes vermelhas fazendo exercícios pela região, cuja camisas estão estampadas as iniciais U.C.A. Mas o que você talvez não saiba é que há muito mais por trás destes treinos.

UCA, na verdade, significa União Catarinense de Atletismo. O projeto promove diversas atividades que vão além do da prática  do atletismo,  como a realização de eventos paralímpicos, treinamento, reabilitação e acompanhamento dos paratletas, incentivando-os a participação em eventos culturais, esportivos, acadêmicos e sociais.

Essa diversividade das atividades da UCA produziu bons frutos e esta produção pode ser personificada por meio de dois nomes destaques dos 100 metros do atletismo brasileiro: Micaela Mello, 21 anos, campeã sul- americana no sub- 23, em 2018, na prova com barreiras, em Cuencas, no Equador; e Lucas Ferrari, 31 anos, paratleta olímpico. Ele participou dos 100 metros T-37  das Olimpíadas de Londres, em 2012, e já garantiu medalhas de prata nos Jogos Parapan-Americanos no México, em 2011, e na edição no Canadá, em 2015.

Micaela Mello figura entre as grandes revelações do atletismo brasileiro nos últimos anos nos 100 metros com barreiras. Sendo multicampeã das competições a Fesporte, ela treina forte visando conquistar o índice olímpico para participar das Olimpíadas em Tóquio, que inicia em julho deste ano.

Micaela e Lucas são crias da UCA, entidade sem fins lucrativos, criada em 2013, cujo objetivo é promover de forma gratuita a prática  do atletismo para crianças e jovens, incluindo projetos sociais, e  paratletas  com deficiências físicas, intelectuais, visuais e também os paralisados cerebrais e outras deficiências específicas. 

O professor de educação física, Anderson Chaves, atual coordenador da UCA, lembra que apesar das atividades começarem em 2011, por meio dos projetos Atletismo 10 e Projeto Correr Para o Futuro, a entidade só foi criada oficialmente em 20 de setembro de 2013, já com o nome UCA.

 

Micaela Mello, campeã sul-americana dos 100m com barreiras (Foto: Washington Alves/Exemplu

Naquela época, segundo ele, a idéia era criar uma equipe de atletas não filiados para participar de eventos estaduais, como os da Fesporte e da Federação Catarinense de Atletismo. O desejo era um antigo sonho de Anderson, um ex-atleta do atletismo.

E o sonho do professor saiu do papel e se tornou realidade e logo no primeiro ano de atividade, com o Atletismo 10, contou com a participação de 37 atletas. O projeto deu um salto de qualidade quando recebeu o apoio oficial da prefeitura por meio da Fundação Municipal de Esportes e Lazer de São José (Funesj),  Federação Catarinense de Atletismo e patrocínio da Bolsa Atleta, impulsionando ainda mais o esporte na região. 

Nos anos seguintes o número de atletas aumentou possibilitando conquistas para a equipe. Um exemplo foi à quebra do recorde absoluto de Santa Catarina na modalidade de revezamento 4x100m masculino, em 2018, no Troféu Brasil de Atletismo, com o tempo de 39s72, além de medalhas em campeonatos estaduais e também em competições como Olimpiada Estudantil Catarinense (Olesc) e Jogos Escolares de Santa Catarina (Jesc).

Apesar da vitória, os atletas adultos, do alto rendimento, não eram o único público que Anderson pretendia ajudar. Por isso, mesmo criando a UCA, o educador  manteve o embrião da entidade: o Projeto Correr Para o Futuro. “Nosso objetivo foi manter o incentivo à  crianças e adolescentes à prática de esportes e para isso firmamos parceria com Secretaria Municipal de Educação de Educação de São José e a Funesj e continuamos a atender estudantes das escolas públicas do município, na faixa etária de 7 a 14 anos, em diversos  pólos na região josefense”. 

Este ano o Correr Para o Futuro completa 10 anos de atividade, sendo oito deles dentro da estrutura organizacional da UCA. Segundo Anderson, uma das metas do projeto está sendo cumprida: incentivar a prática e popularizar o esporte na região da Grande Florianópolis, especialmente em São José. “Estamos orgulhosos de todo o trabalho feito. Das nossas conquistas e dos atletas que lançamos para todo o mundo”, destaca Chaves.

 

Faixa etária de 7 a 14 anos também é atendida com atletismo pelo projeto (Foto: Arquivo pessoal)

Mas, de acordo com o professor, as metas não param por aí, já que o objetivo é que em 2021 os atletas da UCA tenham  mais destaque em competições estaduais e internacionais. E para cumprir este objetivo o fundador da entidade lembra que houve algumas novidades nos treinamentos, sempre conduzidos por dois professores técnicos. O primeiro pas/COB)sso foi à subdivisão das provas com suas respectivas especialidades: saltos, velocidade e barreira; meio fundo e fundo; arremesso, lançamento e iniciação. 

A mudança surtiu efeito desejado. E uma prova disso é que já no primeiro semestre  de 2021 alguns atletas começaram a se destacar na marcha atlética , entre eles Emily Pistor, 27 anos, (prova de 20km) e Rudney Dias, 31 (nos 50km). A dupla foi recentemente convocada pela Seleção Brasileira para a Copa Pan-Americana de Marcha Atlética, em Guaiaquil, no Equador.

Outros dois atletas UCA foram convocados pela seleção brasileira para participarem  do Campeonato Sul-Americano de Atletismo, também em Guaiaquil dias 29 a 31 de maio : Guilherme Kurtz, 26 anos (1.500 metros) e Micaela Mello (100m com barreiras). 

Ainda no rol de destaques da União Catarinense de Atletismo constam as paratletas Camila Muller e Edilene Teixeira. Camila conquistou  duas medalhas de ouro e uma de prata nas provas de 200, 400 e 1500 metros  nos Jogos Paralímpicos Universitários  Brasileiros, em 2017, em São Paulo. Já Edilene Teixeira é atual líder do ranking sul-americano de maratona classe T11 e  segunda no ranking mundial. Ambas estão pré-convocadas para as Paralimpíadas em Tóquio, na modalidade de maratona de deficientes visuais. 

                                                   Lucas Ferrari, 31 anos, paratleta olímpico: cria da  UCA (Foto: divulgação)

O sucesso da UCA é explicado pela forma de sua atuação, pois o projeto promove diversas atividades que vão além da prática de esporte, como a realização de eventos paralímpicos, treinamento, reabilitação e acompanhamento dos paratletas, incentivando-os a participação em eventos culturais, esportivos, acadêmicos e sociais.

Enfim, o sucesso de Micaela, Emily, Camila, Edilene, Lucas, Rudney e Guilherme é uma prova de que a ideia do fundador da UCA, Anderson, de criar uma instituição para proporcionar atletismo de qualidade tinha fundamento. “Nosso projeto tem a proposta de melhora a vida de crianças, adolescentes e adultos por meio do esporte e com isso melhorar a saúde física e também mental de todos. Estamos proporcionando também a socialização, a melhora na autoestima, o senso de responsabilidade dos atletas. Ao mesmo tempo que prezamos pela qualidade de vida dos atletas, também pretendemos popularizar o atletismo na região e dar oportunidades para que mais pessoas possam se profissionalizar na área de esportes”, finaliza Anderson Chaves. 

 

 

 

 

Lido 1729 vezes Última modificação em Segunda, 04 Julho 2022 12:36