Na série de reportagens sobre Projetos Esportivos de Sucesso em Santa Catarina, que a Fesporte vem divulgando a cada quinta-feira, hoje destacamos o projeto de basquetebol do Instituto Estadual de Educação, de Florianópolis.
“Fico muito orgulhoso em poder transformar a vida das pessoas por meio do basquetebol”. A frase dita pelo treinador de basquete, Kênyo Nunes, 44 anos, sintetiza bem a paixão desse tubaronense pela modalidade que chegou ao posto de treinador da seleção brasileira escolar em 2008. Quem olha os inúmeros títulos do projeto que ele dirige na Associação Desportiva Instituto Estadual de Educação (ADIEE), em Florianópolis, entre os quais dois bicampeonatos brasileiros – escolar e de clubes – percebe que, além do amor, há competência.
Funcionando em parceria com a Fundação Municipal de Esportes (FME) da Prefeitura de Florianópolis e Avaí Futebol Clube, o projeto da ADIEE/Instituto Estadual de Educação atende gratuitamente 300 pessoas com idade a partir dos nove anos divididas nas categorias sub-12, sub-14,sub-16, sub-17, sub-19 e adulto (no masculino), sub-12, sub-14, sub-19 e adulto (feminino). Os treinos são realizados às segundas, quartas e sextas-feiras na quadra do Instituto Estadual de Educação (IEE), na Capital catarinense.
Desde 1973, quando começou como AADIEE, o projeto já revelou inúmeros atletas. Alguns para as seleções brasileiras de base, o que faz o Projeto de Basquete da ADIEE/AVAÍ/FME ser uma das referências de escolinha de base em Santa Catarina.
Das quadras da escolinha saíram nomes para a seleção brasileira de base como a armadora Thuanny Mackowiesky Barcelos, convocada aos 16 anos, período em que foi campeã da Olesc (Olimpíada Estudantil Catarinense) e Joguinhos. Hoje, aos 28, anos, ela retornou ao projeto e, além de atleta, exerce a função de professora das categorias de base e preparadora física.
O projeto de basquete do Instituto Estadual de Educação atende gratuitamente cerca de 300 pessoas (Arquivo pessoal)
Na lista de destaques há ainda o pivô Vitor Michel Salvador, convocado aos 12 para a seleção brasileira e com passagens pelo Minas Tênis Clube, de Minas Gerais, e Universo, de Brasília; o pivô Victor Hugo Cardoso (Birô), hoje com16 anos e que joga no Franca, de São Paulo, onde foi campeão paulista, e ainda o armador Geone Felix, 18 anos, com passagem pelo basquete italiano.
Kênyo Nunes lembra que começou sua caminhada no projeto do basquete do Instituto Estadual de Educação por meio da parceria ADIEE/AVAÍ/FME em 2001, após passar no vestibular de educação física da Udesc e ter que largar seu município, Tubarão, e vir morar em Florianópolis. “Na época eu era um mediano jogador de basquete da seleção de Tubarão e quando fui para Floripa, por conta da faculdade, meu professor Valmor Ramos, que trabalhava no projeto de basquete do Instituto de Educação, teve que se afastar para fazer doutorado em Portugal e ele me indicou para o seu lugar e estou até hoje”, recorda-se.
O treinador revela que na época o projeto era voltado apenas para campeonatos internos e a partir do momento que assumiu se comprometeu em dar voos mais altos. Com foco e disciplina, Kênyo começou a implantar sua filosofia de trabalho e os resultados começaram a surgir. Em 2002, na primeira competição oficial em sua gestão, ficou em oitavo lugar no campeonato estadual sub-14 entre os 10 participantes.
“Este resultado foi muito comemorado. Foi como se fosse um título para nós. E fomos trabalhando passo a passo. Aprendendo, melhorando, se estruturando, enfim, crescendo e com isso fomos trabalhando com outras faixas de idade como o sub-15, 16, sempre aproveitando os próprios alunos do Instituto”, lembra Kênyo.
O basquetebol feminino também é contemplado pelo projeto (Arquivo Pessoal)
E mais uma vez a estratégia deu certo, pois em 2005, a equipe conquistou o primeiro titulo importante dessa nova fase: foi campeão estadual dos Jogos Escolares de Santa Catarina (Jesc) 12 a 14 anos. O título classificou a equipe para o brasileiro da competição, disputado naquele ano em Brasília, em que os catarinenses ficaram em quinto lugar com direito a eliminar São Paulo, favorita a conquistar o torneio.
Três anos depois, em 2008, o basquete masculino do Instituto Estadual de Educação sagrava-se campeão brasileiro escolar em Poços de Caldas, Minas Gerais, vencendo na final a poderosa Escola Santa Monica, do Rio de Janeiro, por 12 pontos de diferença. Com a conquista o projeto de basquete entrava definitivamente na história do esporte escolar de Santa Catarina.
“O basquetebol da ADIEE/AVAÍ/FME foi de grande importância na minha vida porque foi por meio dele que cheguei até aqui: hoje sou professora nas categorias de base do clube, preparadora física e atleta. Amo minha profissão, principalmente em ter a oportunidade de transmitir a experiência que tive da modalidade”. O depoimento é de Thuanny Barcelos, o que mostra quão o projeto é transformador na vida dos atletas.
O coordenador Kênyo Nunes durante uma competição (Arquivo pessoal)
“Fui formada na ADIEE, campeã da Olesc, campeã dos Joguinhos, joguei em clubes paulistas, clubes aqui do estado, representei o estado de Santa Catarina e o Brasil nas categorias de base. Sou muito grata por ter dito essa oportunidade e agarrado, pois o esporte é uma ferramenta que oportuniza muitas vivências, experiências e através dele podemos formar cidadãos do bem”, atesta Thuanny.
Armadora Thuanny Barcelos, uma das destaques do time, com passagem pela seleção brasileira de base (Foto: arquivo pessoal)
Quem também agradece ao projeto é pivô Vitor Michel Salvador, que depois de passar por Minas Tênis Clube, de Minas Gerais, e Universo, de Brasília, está de volta a Florianópolis para passar um pouco da sua experiência aos mais novos. “Só tenho a agradecer ao projeto, pois ele foi muito importante na minha formação como atleta e cidadão. Sou de uma geração muito vitoriosa, a de 93. Joguei em grandes clubes, na base da seleção e tudo isso foi graças ao trabalho do projeto de basquete do professor Kênyo Nunes, em que aprendi fatores importantes do basquete como fundamento, disciplina e treinamento”, finalizou.
Hoje no currículo do projeto consta: seis vezes campeão dos Jesc, duas vezes campeão da Olesc , duas vezes campeão brasileiro e de clubes, 15 vezes campeão estadual entre clubes e campeão dos Joguinhos Abertos de Santa Catarina.
Confira as principais conquistas
Jesc: 6 vezes campeão: 2005, 2008, 2011, 2017, 2018 e 2019
Olesc: 2 vezes campeão: 2010 e 2016
Joguinhos: 1 vez campeão: 2018
Brasileiro Escolar: 2 vezes campeão: 2008 e 2019
Sul Brasileiro: 2 vezes campeão: 2018 e 2019
Estadual: 15 vezes campeão: 2005 (Sub-14), 2006 (Sub-12), 2007 (Sub-16), 2009 (Sub-16), 2010 (Sub-16), 2012 (Sub-16 e Sub-12), 2013 (Sub-19), 2016 (Copa SC adulto), 2017 (Sub-15 e torneio internacional Sub-15 e Sub-17), 2018 (Copa SC adulto e torneio internacional Sub-17) e 2019 (Sub-17)