São cerca de 194 atletas participando do tênis de mesa da 19ª Olimpíada Estudantil Catarinense (Olesc) em Videira. Todos sabem que praticar a modalidade não é fácil, pois exige horas de treinamento, concentração e muita disciplina, além de equilíbrio emocional. Se para o participante competir na etapa estadual da Olesc já é difícil imagine quando se tem uma deficiência física. Neste caso, o caminho é muito mais difícil.
Allana Maschio, 13 anos, de Balneário Camboriú, está debutando na Olesc. André Luís de Jesus, 15 anos, de Pouso Redondo, participa da competição pela segunda vez. Ambos, além do amor pelo tênis de mesa, têm algo em comum: São deficientes físicos e servem de inspiração aos demais mesatenistas que disputam a Olesc.
Allana nasceu com uma deficiência congênita no pé direito que o fez entortar, tendo que usar uma prótese de apoio para poder andar. André nasceu com paralisia cerebral espástica que lhe atrofiou os músculos, principalmente os das pernas. A paralisia atinge a região do córtex motor do cérebro, responsável pelos movimentos. Nesse caso, os músculos possuem a sua capacidade de força reduzida e o tônus elevado, o que provoca enrijecimento.
O esporte contra o bullying
A garota de Balneário Camboriú começou a jogar tênis de mesa aos nove anos de idade, quando se apaixonou pela modalidade. “Uns meninos da Fundação de Esporte vieram treinar na minha escola vi aquilo e gostei e fui jogar”, lembra. Aos 10 anos de idade disputou o Campeonato Brasileiro pré-mirim sendo campeã individual, disputando com atletas não deficientes.
De lá pra cá o amor pelo tênis de mesa só aumentou. Diz que o esporte lhe fez mais forte, ao ponto de não ligar pelos poucos bullyings que sofreu devido à deficiência. “Nem lembro que sou deficiente. Isso nem me atrapalha no jogo”, confessa. Em Videira, na disputa da Olesc, diz que mais que vencer o importante é participar. “Está aqui disputando a Olesc está sendo uma experiência incrível. Não dá nem para descrever”, admite.
André nasceu com paralisia cerebral espástica que lhe atrofiou os músculos (Foto: Antonio Prado/Fesporte)
Para o seu treinador, Rodrigo Bozan, Alline é inspiração para todos os integrantes de Balneário Camboriu. “Allana é uma ótima atleta, tem talento e força de vontade. Eu sempre falo dela para meus alunos, principalmente para aqueles que querem desistir por preguiça de treinar. Ela é uma fonte de inspiração pra muita gente”, atesta Bozan.
Inspiração também é a palavra que se encaixa quando se conhece a trajetória de André Luis de Jesus , 15 anos. Ele revela que, ao iniciar no tênis de mesa, ainda criança, não conseguia ficar em pé, devido à severa atrofia muscular. “A cada dia que treinava sentia que meu corpo ficava mais firme. No início, para eu jogar uma partida, eu tinha que me segurar na mesa. Hoje, jogo em pé, só com minhas forças. Tudo graças ao esporte, ao tênis de mesa”.
O esporte aumentou a autoestima
André diz também que a prática esportiva aumentou sua autoestima e se ver como um vencedor. Mas, para chegar a este estágio da vida ele treina diariamente duas horas e meia por dia todos os dias da semana e ainda tem tempo para fazer fisioterapia. Nada mal para quem só pôde andar aos sete anos de idade e teve a experiência de passar por duas cirurgias (nas pernas e no estômago).
A mãe, Natália de Jesus, sempre acompanha o filho nas competições e na Olesc, em Videira, não tem sido diferente. “O esporte ajudou ao meu filho não somente no aspecto físico, mas também na parte mental. Aconselho a todos os pais que têm filhos com deficiência a colocá-los no esporte. Meu filho não andava e hoje pratica tênis de mesa”.
A etapa estadual da Olesc é uma promoção do Governo de Santa Catarina @governosc, por meio da Fesporte, em parceria com a prefeitura de Videira.
Texto: Antonio Prado/Ascom Fesporte