Conheça a história do programa esportivo cuja criação já levantava polêmica. A Olesc surgiu para cobrir a lacuna deixada pelos Jogos Escolares e resistiu quando estes voltaram ao calendário da Fesporte. Com um cancelamento em 2009 devido à gripe A, a comunidade esportiva pressionou e impediu o segundo cancelamento em 2015, devido a greve na educação. A pressão pesou ainda em alguns rumores sobre a extinção do evento, que se solidificou como uma das mais importantes competições poliesportivas de Santa Catarina.
A ideia da criação da Olimpíada Estudantil Catarinense (Olesc) surgiu depois que os Jogos Escolares de Santa Catarina (Jesc) passaram a ser geridos pelo departamento de Educação Física da Secretaria de Estado da Educação. Preocupados com a lacuna que isso abriria no esporte escolar, na faixa etária de 11 a 15 anos, os dirigentes da Fesporte decidiram criar outro evento escolar. A partir disso, foi encaminhada a proposta ao Conselho Estadual de Esporte (CED). E numa reunião de muita polêmica, que durou 13 horas, em 12 de dezembro do ano 2000, 18 dos 21 conselheiros do CED enfim aprovaram o projeto de criação da Olesc.
No dia 9 de março de 2001, a Fesporte abriu seu calendário de competições daquele ano com a etapa microrregional da Olesc, no município de em Capão Alto, na região Centro-Oeste, tendo a participação de sete equipes no futsal masculino e três no voleibol feminino. Inauguravam-se assim as competições da Olesc. O programa trazia novidades no quadro de modalidades. Nele se incluíam futsal feminino, natação, tênis, ginástica rítmica e ginástica artística, que se juntariam às modalidades então disputadas nos Jogos Escolares, como atletismo, basquetebol, handebol, tênis de mesa e xadrez.
Olesc nasce em 2001, em Criciúma
A partir do dia 7 junho daquele ano, em Mafra, iniciou-se a etapa regional da Olesc, sendo a primeira região a Leste-Norte, com sede em Mafra. Depois vieram as disputas do Centro-Oeste, em Capinzal, dia 8; Oeste, em Mondaí, dia 9, e, por fim, a Sul, em Armazém, dia 14. A etapa estadual da primeira Olesc aconteceria em Criciúma, de 17 a 24 de julho. A edição só não contou com a modalidade de ginástica artística, denominada na época de ginástica olímpica, por não preencher o número mínimo de oito inscritos.
O congresso técnico da etapa estadual aconteceu no dia 4 de julho, no salão nobre da prefeitura de Criciúma. Foi se quando definiu a participação de 65 municípios e 4 mil atletas. Enfim o dia 17 chegara. A competição iniciou, pela manhã, com handebol masculino, além do futsal, tênis e vôlei femininos. E às 19 horas, o aguardado momento: no Ginásio Municipal Irmão Walmir Antônio Orsi, acontecia a cerimônia de abertura da 1ª Olesc, abordando o tema “Urbano e humano jogando no mesmo time”, coreografado com 30 bailarinos da cidade-sede, tudo isso sob os olhares plenos de orgulho dos idealizadores Pedro Bastos, então presidente da Fesporte, e Luiz Carlos Barbosa, o Kalu, diretor de esporte na época.
A primeira medalha de ouro da Olesc foi conquistada por Sidnei Cunha, de Blumenau, nos 3 mil metros masculino (10min5seg43). Entre as mulheres, a primeira medalhista de ouro foi Gisela Cardoso, também de Blumenau, no lançamento de disco (30m35cm). Dos atletas que se destacaram na primeira Olesc estão Luísa Matsuo, da ginástica rítmica de Florianópolis. A atleta foi a primeira a ganhar medalha de ouro como campeã individual geral, com 12.333 pontos. Depois de oito dias de competição, Jaraguá do Sul sagrou-se campeão geral da primeira Olesc com 94 pontos - um a mais que Blumenau, segundo colocado com 93. Joinville terminou em terceiro lugar com 75 pontos.
Criados para cobrir a ausência dos Jogos Escolares, a Olesc se manteve no calendário esportivo da Fesporte, mesmo os Jesc tendo voltado a fazer parte da grade da Fesporte alguns anos depois, e ainda em duas versões etárias: de 12 a 14 e de 15 a 17 anos. É que, apesar de serem eventos escolares, os Jesc se caracterizam como competições interescolares, enquanto a Olesc são selecionados municipais em que os participantes devem comprovar matrícula e frequência escolar.
Comunidade esportiva impede cancelamento da Olesc
Em 2015, um cancelamento do evento chegou a ser anunciado, em função de falta de disponibilidade de alojamento, já que o ano foi marcado por greve na educação, e as escolas, que normalmente alojam as delegações, não poderiam perder mais dias letivos. A comunidade esportiva fez pressão e a competição aconteceu em Jaraguá do Sul. A partir de 2013, embora ainda com a sigla Olesc, a Olimpíada Estudantil Catarinense passou a ser oficialmente chamada Jogos Escolares da Juventude, em decorrência da restrição do uso do termo "olimpíada"; porém, em 2016, aconteceu a liberação e o evento passou a utilizar a denominação original.
Atual campeão, Joinville é o município de maior número de títulos da história da Olesc: dez vezes no mais alto lugar do pódio Foto: Heron Queiroz
Desde a primeira edição, em 2001, somente em 2009, as competições não aconteceram, em decorrência da gripe A. Os joinvilenses foram que mais somaram títulos até aqui, foram 10. Além de Joinville, somente outros três municípios subiram ao lugar mais alto do pódio da Olesc: Blumenau, quatro vezes; Jaraguá do Sul, que teve os dois primeiros títulos da história (2001 e 2002) e Criciúma, também com dois títulos.
Além de Luísa Matsuo, vários outros nomes importantes no esporte brasileiro passaram pela Olesc, como Jéssica Maier, também da ginástica rítmica; Natália Zílio e Rosamaria Montibeller, ambas do vôlei; Bateria, do futsal, Darlan Romani e Ana Cláudia Lemos, do atletismo, entre tantos outros.
Texto: Heron Queiroz/Ascom/Fesporte