A história de superação de Anny de Bassi é tão incrível que o Globo Esporte nacional, da Rede Globo, "esqueceu" da vencedora da prova dos 200 metros dos Jogos Escolares da Juventude, 15 a 17 anos, em João Pessoa, Paraíba, em 2015, para dar destaque à atleta catarinense, que competiu pelo Colégio de Aplicação da Univali. Na época ela tinha 17 anos.
Em 2015, nos Jogos Abertos de Santa Catarina (Jasc) em Joaçaba, Herval d'Oeste e Luzerna, Anny entrou para a história como a primeira deficiente a vencer a prova dos 100 metros competindo com atletas "normais". Bateu na ocasião a recordista da prova Tamires de Liz, de Joinville, e se tornou a atleta mais rápida da competição.
Especialista nos 100 e nos 200 metros rasos, Anny é tetracampeã e recordista dos Jasc, campeã sul-americana no 4x100m, campeã brasileira universitária, campeã do Gran Prix Estrella Puente, 2019, campeã estadual adulta e sub-23 nos 100m (recordista) e nos 200m está entre as pré-convocadas para a Olimpíadas de Tókio.
A carreira
A carreira de Anny Caroline de Bassi no atletismo começou em 2012, em Balneário Camboriú, terra natal da atleta. Foi naquele ano que ela resolveu praticar o atletismo por incentivo da professora de educação física.
Mas para prosseguir na carreira Anny teve que passar por muitos obstáculos. Nascida com uma deficiência chamada Síndrome de Poland, que lhe atrofiou o músculo peitoral e do braço direito (este mais curto e mais fino) fazendo com que tenha apenas um dedo na mão direita, Anny diz que o atletismo salvou sua vida.
Abaixo vídeo da reportagem do Globo Esporte
“Antes de conhecer o esporte me sentia inferior. Ficava incomodada de ver as pessoas me olhando, vendo minha deficiência. Chegava em casa e só chorava, não gostava muito de falar com as pessoas. Depois de 2012, quando entrei para o atletismo, comecei a ganhar as provas dos Jogos Escolares de Balneário Camboriú e vi que podia ser uma pessoa vencedora. E venci.
Peso de porta como apoio na pista
Outro fato peculiar na vida de Anny é a forma que encontrou para competir em igualdade de condições. Antes, por ter um braço mais curto, tinha dificuldade na largada. “Saía desequilibrada do bloco, levava desvantagem e nunca atingia a casa dos 12 segundos. Foi quando tive uma ideia: trouxe para as provas um pequeno bloco de aço que uso como peso de porta do meu quarto. Na hora da largada, ao invés de me apoiar na pista, apoio-me no bloco e largo em condições de igualdade com as outras atletas”, explicou.
A partir da ideia, segundo Anny, ela começou a baixar o tempo, tendo como maior marca 12s34, nada mal para quem começou a carreira marcando 15s51. Por fim, a alegria e o orgulho de Anny ao exibir a medalha de ouro no pódio da 14ª edição da Olesc, em Cricíuma, em 2012, foi a concretização de um sonho. O sonho de que nem uma deficiência física foi capaz de lhe impedir de ser, como sempre quis, a atleta mais rápida da competição.
Texto: Antonio Prado/Ascom Fesporte